domingo, 24 de abril de 2016

PROPOSTA DE REFLEXÃO PARA A SEMANA -  24 A 30/04/16



SINAIS DE SABEDORIA

Aprende a viver sem excessos.
Desapega-te, quanto possível, dos bens materiais.
Não guardes ressentimentos.
Perdoa sem impor condições.
Acautela-te, para que não magoes ninguém.
Não crie qualquer espécie de vínculo com o mal.
Estuda sempre, sem te arraigares aos teus pontos de vista.
Conserva a mente aberta para a verdade.
Alimenta-te de maneira frugal.
Não te exasperes.
Não percas tempo com futilidades.
Procura não fomentar discussões estéreis.
Preserva a saúde do corpo e a integridade do espírito.
Não sejas moralista.
Cultiva o hábito da alegria.
Seleciona os temas de tua conversação.
Apóia as iniciativas nobres.
Ora, age e sê paciente, convicto de que cada coisa acontece a seu tempo.


Livro Deus te abençoe! – Irmão José/Carlos A. Baccelli

domingo, 17 de abril de 2016


NOSSA RESPONSABILIDADE PERANTE A VIDA

Relendo o maravilhoso e instrutivo livro Libertação, de André Luiz, psicografado pelas mãos santas de Francisco Cândido Xavier, encontrei, entre milhares de ensinamento de cunho espiritual superior, um conselho de uma mãe amorosa à filha encarnada. Trata-se do diálogo de Matilde e Margarida, quando esta estava liberta provisoriamente do corpo por meio do sono físico. Nesse diálogo, fica muito latente a nossa responsabilidade quanto à reencarnação. Nesse momento de profundo ensinamento, Matilde chama a atenção da filha para os cuidados que devemos ter, quanto  nossa atitude perante a vida. Vejamos o diálogo:

“Não suponhas que te visito pelo simples prazer de consolar-te, o que seria, talvez, induzir-te ao caminho da despreocupação irresponsável que nunca nos dirige à verdadeira paz. A finalidade divina há de ser, em tudo, a alma de nossa ação. O lavrador que amanha o solo e o socorre com irrigação confortadora, algo espera da sementeira que lhe reclama o esforço diário. O amparo do Alto, direto ou indireto, reservado ou ostensivo, não é apenas mera exibição de poder celestial. Os moradores dos círculos mais elevados não se arriscariam a descer, sem objetivos de ordem superior, ao domicílio da mente encarnada, assim como os artistas da inteligência não se animariam a movimentar espetáculos de cultura intelectual, sem fins educativos, junto aos irmãos de raciocínios e sentimentos ainda rudimentares ou inferiores. O tempo é valioso, minha filha, e não podemos menoscabá-lo, sem grave prejuízo para nós mesmos.” ( Espírito  Matilde – Livro Libertação – André Luiz/Francisco Cândido Xavier, página 244 – 18ª edição FEB – Brasília – DF)


Pensado nas sábias palavras de Matilde, forçosamente somos levados a uma reflexão mais acurada relativa a nossa reencarnação. Quando ela diz que a visita dela não se prendia simplesmente ao prazer de consolar a filha compreendemos, por extensão, que durante nossa reencarnação devemos despender todas as nossas forças e desejos na retidão de nosso caráter e na ação contínua de renovação íntima, quebrando os grilhões do orgulho e da vaidade que nos empurram para o pântano dos vícios e dos prazeres fáceis. Alerta, também, para o caráter divino da reencarnação e deixa claro que os espíritos superiores nos amparam sempre, mas não resolvem nossos problemas, porque essa é a parte que nos cabe nesse longo caminho de retorno à casa paterna.
PROPOSTA DE REFLEXÃO PARA A SEMANA


ILUMINA

Acende no caminho ainda que seja a luz de uma vela.
Não te consintas ser sombra para ninguém.
Em meio a grande escuridão, diminuta claridade é suficiente para mostrar o rumo a quem se encontra perdido.
Conduze para longe do abismo os que confiam em ti.
A tua palavra e a tua atitude exercem, ao teu redor, maior influência do que supões.
Quem verdadeiramente ama jamais hesita diante do sacrifício.
Onde estarias hoje, sem a renúncia dos que se apagaram para que brilhasses?

Livro Senhor e Mestre – Irmão José/Carlos A. Baccelli

segunda-feira, 4 de abril de 2016

ESTUDANDO O CRISTIANISMO - A PROMESSA DO CRISTO


Texto: Abel Silva
Orientação: Ivanir Severino da Silva


No intuito de nortear nossos estudos, somos impelidos a dois questionamentos sobre a vinda do Cristo. Por que Jesus encarnou na terra, se não tinha mais necessidade dessa encarnação? E por que foi escolhido o povo Hebreu para recebê-lo? Encontramos estas duas respostas no livro “A caminho da Luz”, onde o Espírito Emmanuel relata que nos mapas zodiacais da Terra foi registrada a existência de uma grande estrela na constelação do cocheiro e que foi denominada de Cabra ou Capela. A distância dessa estrela em relação a terra está na proporção de 42 anos luz, se considerarmos que a velocidade da luz é de 300.000 km por segundo. Quase todos os mundos dependentes daquele orbe já haviam se purificado física e moralmente. Não obstante, num planeta deste sistema, que guarda uma grande semelhança com o globo terrestre, “[...] existiam alguns milhões de espíritos rebeldes, no caminho da evolução geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios de piedade e virtudes”. (Emmanuel, 1998:34). Como a maioria dos Espíritos daquele orbe já tinha atingido uma situação de melhora moral, não era justo que aquela pequena parcela de entidades, que se tornara pertinazes no crime, prejudicasse a evolução daqueles que seguiam a trajetória da Luz, rumo ao Pai Eterno. Foi assim que reunidas, as comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, numa ação de saneamento geral, os alijaram daquela comunidade, localizando-os aqui na Terra longínqua “[...] onde aprenderiam, na dor e nos trabalhos penosos, as grandes conquistas do coração e impulsionando simultaneamente, o progresso de seus irmãos inferiores.” (Emmanuel, 1998:35).

Mas quando e como isso ocorreu? Em qual estágio evolutivo se encontrava a terra e a partir de que momento estes espíritos puderam reencarnar em nosso orbe? Na tentativa de respondermos estas perguntas, recorremos a informações contidas nos livros “A Gênese” de Allan Kardec e novamente no “A caminho da Luz” de Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, vejamos o que eles dizem.

Kardec ( 1992:167), na Gênese, afirma a não existência do homem, nem no período primário, nem do de transição, nem no secundário, não só porque nenhum traço dele se descobriu, como também porque não havia para ele condições de vitalidade, uma vez que os terrenos não cobertos por água eram pouco extensos e eram pantanosos e com frequência, ficavam submersos. Razão porque só havia animais aquáticos ou anfíbios.

 Mesmo no período Terciário, a existência do homem só poderia ter acontecido no seu final e mesmo assim, sua existência não teria grandes chances de progressão, porque em seguida, se deu o período diluviano.

[...] Este período teve a assinalá-lo um dos maiores cataclismos que revolveram o globo, cuja superfície ele mudou mais uma vez de aspecto, destruindo uma imensidade de espécies vivas, das quais apenas restam despojos. As águas, violentamente arremessadas fora dos respectivos leitos, invadiram os continentes, arrastando consigo as terras e os rochedos, desnudando as montanhas, desarraigando as florestas seculares. (Kardec:1992:164).

[...] Foi também por essa época que os polos começaram a cobrir-se de gelo e que se formaram as geleiras das montanhas, o que indica notável mudança na temperatura da terra, mudança que deve ter sido súbita, porquanto, se se houvesse operado gradualmente, os animais, como os elefantes, que hoje só vivem nos climas quentes e que são encontrados em tão grande número no estado fóssil nas terras polares, teriam tido tempo de retirar-se pouco a pouco para as regiões mais temperadas. Tudo denota, ao contrário, que eles provavelmente foram colhidos de surpresa por um grande frio e sitiado pelos gelos. Esse foi, pois, o verdadeiro dilúvio universal. (Kardec: 1992:164-165).

[...] Estabelecido o equilíbrio na superfície do planeta, prontamente a vida vegetal e animal retomou o seu curso. Consolidado, o solo assumiu uma colocação mais estável; o ar, purificado, se tornara apropriado a órgãos mais delicados. O sol, brilhando em todo seu esplendor, através da atmosfera límpida, difundia, com a luz, um calor menos sufocante e mais vivificador do que o da fornalha interna. A terra se povoava de animais menos ferozes e mais sociáveis; mais suculentos, os vegetais proporcionavam alimentação menos grosseira; tudo, enfim, se achava preparado no planeta para o novo hóspede que o viria habitar. Apareceu, então, o homem, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio. (Kardec: 1992:166).

 Emmanuel ratifica essa informação quando diz que “[...] no período terciário, sob a orientação das esferas espirituais notavam-se algumas raças de antropóides1 inferior”. (Emmanuel, 1998:30) e que

 [...] esses antropóides, antepassados do homem terrestre, e os ascendentes dos símios que ainda existem no mundo..., viviam inicialmente sobre as árvores e, posteriormente, em cavernas, graças ao domínio do fogo, ..espalharam-se, depois, aos grupos, pela superfície do globo, no curso vagaroso dos séculos, sofrendo as influências do meio e formando as bases das raças futuras em seus tipos diversificados - daí os parentescos sorológicos entre o organismo do homem moderno e do chimpanzé da atualidade. A realidade, porém, é que as entidades espirituais auxiliaram o homem do sílex, imprimindo-lhes novas expressões biológicas. Extraordinárias experiências foram realizadas pelos mensageiros do invisível. As pesquisas recentes da ciência sobre o tipo de Neanderthal, reconhecendo nele uma espécie bestializado, e outras descobertas interessantes da Peleontologia, quando o homem fóssil, são um atestado dos experimentos biológicos a que procederam os prepostos de Jesus, até fixarem no “primata” os característicos aproximados do homem futuro. (Emmanuel, 1998:31)

1       grupo de símios que compreende os chimpanzés, os gorilas e os orangotangos. São desprovidos de caldas e o ocasionalmente bípedes), no Plioceno(relativa à época: época pliocena: aquela em que surgem os primeiros homínidas; no período Quartenário)

“Os séculos correram o seu velário de experiências penosas sobre a fronte dessas criaturas de braços alongados e de pelos densos, até que um dia, as hostes do invisível operaram uma definitiva transição no corpo perispiritual pré-existente dos homens primitivos, nas regiões siderais e em certos intervalos de suas reencarnações.” (Emmanuel, 1998:31-32)

Então, “Surgem os primeiros selvagens de compleição melhorada tendendo à elegância dos tempos do provir.” (Emmanuel,1998:32).

Uma grande transformação ocorreu na estrutura física e espiritual dos antepassados das raças humanas. “Apareceu, então, o homem Sapiens, último ser da criação, aquele cuja inteligência concorreria, dali em diante, para o progresso geral, progredindo ele próprio”. Este homem, formado por Deus, passou a habitar a Terra.

Após todo esse processo, a terra estava preparada para receber colaboradores de outro orbe, como aqueles espíritos rebeldes de Capela, que “aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração e impulsionar, simultaneamente, o progresso dos seus irmãos inferiores” (Emmanuel,1998:35), que há milênios já habitavam a Terra.  Homens esses, sem conhecimentos, em estado bruto, formados pelos mesmos elementos químicos da Terra.

 Foi assim que Jesus recebeu à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela turba de seres sofredores e infelizes. Com a sua palavra sábia e compassiva, exortou essas almas desventuradas à edificação da consciência pelo cumprimento dos deveres de solidariedade e de amor, no esforço regenerador de si mesmas. Mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-as no halo bendito de sua misericórdia e da sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir. (Emmanuel,1998:35)

Assim, [...] Aquelas almas aflitas e atormentadas reencarnaram, proporcionalmente, nas regiões mais importantes, onde se haviam localizado as tribos e famílias primitivas, descendentes dos “primatas” e com o transcurso dos anos, reuniram-se em quatro grandes grupos que se fixaram depois nos povos mais antigos, obedecendo às afinidades sentimentais e linguísticas que os associavam na constelação do Cocheiro. Unidos, novamente, na esteira do Tempo, formaram desse modo o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia. (Emmanuel, 1998:36-38.

As quatro grandes massas de degredados formaram os pródromos de toda a organização das civilizações futuras, introduzindo os mais largos benefícios no seio da raça amarela e da raça negra, que já existiam. (Emmanuel,1998:38).

Emmanuel nos esclarece, ainda, que Deus fez encarnar seus espíritos, primeiramente, no vale do Ganges (50 mil a. C), formando a civilização dos Vedas (Hindu).  Era nessa região, onde hoje é a Índia, que se reuniram os arianos puros, descendentes dos Hindus, que mais tarde floresceram na Europa. O povo hindu cultivava as lendas do mundo perdido, e colocava nelas, as fontes de sua nobre origem.

As organizações hindus são de origem anterior à própria civilização egípcia e antecederam de muito os agrupamentos Israelitas, de onde saíram mais tarde personalidades notáveis, como Abraão e Moisés. (Emmanuel,1998:49).

As almas exiladas naquela parte do Oriente muito haviam recebido da misericórdia do Cristo, de cuja palavra de amor e de cuja filosofia luminosa guardaram as mais comovedoras recordações, traduzidas na beleza dos Vedas e dos Upanishads. Foram elas as primeiras vozes da filosofia e da religião no mundo terrestre, como provindo de uma raça de profetas, de mestres e iniciados, em cujas tradições iam beber a verdade os homens e os povos do provir, salientando-se que também as suas escolas de pensamento guardavam os mistérios iniciáticos, com as mais sagradas tradições de respeito. (Emmanuel,1998:49-50).

Da região sagrada do Ganges partiram todos os elementos irresignados com a situação humilhante que o degredo da terra lhes inflingia. As arriscadas aventuras forneceriam uma noção de vida nova e aqueles seres revoltados supunham encontrar o esquecimento de sua posição nas paisagens renovadas dos caminhos; lá ficaram, apenas, as almas resignadas e crentes nos poderes espirituais que as conduziriam de novo as magnificências dos seus paraísos perdidos e distantes. (Emmanuel,1998: 51-52)

Todas essas informações encontram respaldo no capítulo 2, versículos de 05 a 09 e de 15 a 19, da Gênese Mosaica. Vejamos:

No versículo 5 está registrado o seguinte: “Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado: porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” Para apreendermos melhor a afirmação, achamos por bem dividir este versículo em duas partes. Na primeira parte quando o autor dizNão havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado: porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra.”,  lemos como sendo aquela em que a terra ainda não estava preparada para receber o homem primitivo, pois sendo ele primitivo, faltavam-lhe os conhecimentos básicos para sua sobrevivência e sua subsistência só poderia advir dos frutos produzidos pela terra, e se a terra não podia lhe dar estes alimentos, como, então, ele poderia existir? A parte seguinte do versículo parece corroborar com nosso pensamento –e também não havia homem para lavrar o solose a terra ainda não estava preparada para receber nem o primitivo, que viveria do que o solo lhe desse, como receber outros seres com conhecimentos para lavrar a terra, pois, supõe-se que quem está preparado para lavrar já lavrou algum dia.

Para que existam plantas e as ervas nasçam e cresçam e gerem frutos e os frutos alimentem, eram necessárias condições básicas e essas condições foram dadas; as chuvas torrenciais acabaram, a luz do sol brotou entre as nuvens e “uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo (versículo 6).” O solo agora era fértil, a terra estava preparada, “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra, e lhe sobrou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente (versículo 7).” Dividamos, também, este versículo em duas partes. A primeira parte, “Então formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra”, seguindo nossa linha de raciocínio, compreendemos que este homem formado por Deus é o homem primitivo – raças negras e amarelas -, criado para habitar a terra. O homem sem conhecimento, o homem em estado bruto. Pesquisas confirmam que o homem é formado, basicamente, dos mesmos elementos da formação da terra, por isso a afirmação do criador da Gênese.
A segunda parte do versículo “e lhe sobrou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” A este homem primitivo, Deus deu a vida, fazendo-o despertar do sono e ele se tornou alma vivente – segundo a Doutrina Espírita, alma é o espírito encarnado.
Com relação ao versículo 8E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado.”   “vários estudos têm sido feitos na tentativa de compreender e localizar este jardim de delícias. Portanto, este não é o objeto de nossa pesquisa, pelo menos, neste momento. Uma coisa é certa, este jardim foi plantado, ou seja, foi criado da banda do Oriente. Um local ameno, de delícias e propício para o homem recém-criado ter como sobrevier, sem muitos esforços, já que ele não tinha conhecimento de técnicas de produção, nem como produzir nada para seu sustento, portanto, era necessário que a natureza desse a este homem primitivo os alimentos básicos para sua sobrevivência. Veja a comprovação na primeira parte do versículo 9 Do solo fez o Senhor Deus brotar toda a sorte de árvores agradável à vista e boa para alimento;” A outra parte do versículo diz que Deus fez brotar “também a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal,”  Entendemos ser esta árvore os exilados da Capela, pois para que houvesse progresso, mister seria colocar  no meio daquelas raças primitivas a força do entendimento para que se fizesse valer o livre arbítrio e assim pudessem escolher, por conta própria, o caminho que deveriam seguir, pois se assim não fosse, porque Deus teria nos criado  simples e ignorante? Veja como faz sentido esta análise ao chegarmos ao versículo 15 “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.”  Aqui fica claramente manifestada a ideia de o homem que Deus colocou no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo não poderia ser o homem primitivo, mas o homem resultante da união das raças, ou seja, a reencarnação dos espíritos Capelinos nos corpos dos da raça primitiva, pois para cultivar e guardar, somente podia fazê-lo quem tinha condições para isso e não seria o primitivo a realizar esta tarefa.

 Nos versículos 16 e 17 encontramos a ordenança de Deus para o homem “ E ordenou o Eterno Deus ao homem dizendo: De toda árvore do jardim podes comer, 17 e da árvore do conhecimento, do bem e do mal, não comerás dela; porque no dia em que comeres dela, morrerás.” Nesta ordenança, identificamos, mais uma vez, o princípio do livre-arbítrio, pois enquanto somos ignorantes, enquanto não temos a noção do bem e do mal, vivemos em paz com nossa consciência e em harmonia com a natureza, comendo dos seus frutos e vivendo de conformidade com a sua lei. Quando, porém, nos é facultado o conhecimento, adquirimos a possibilidade do discernimento e aí optamos pelo bem ou pelo mal e ao escolhermos o mal, forçosamente seremos, em algum momento, impelidos a quitar este débito que contraímos com nossos semelhantes.

 O versículo 18: “E disse o Eterno Deus: não é bom que esteja o homem só; far-lhe-ei uma companheira frente a ele.” É o momento da procriação e da miscigenação das raças, simbolizado na figura da companheira, da mulher e o 19 “E formou o Eterno Deus, da terra, todo o animal do campo e toda a ave dos céus, e trouxe ao homem para ver como os chamaria; e tudo o que chamaria o homem à alma viva, esse seria seu nome.” Acreditamos que este versículo ratifica o que até agora expomos, pois só podemos nomear algo que conhecemos.

Outro registro importante que demonstra a presença dessa plêiade de Capelinos no seio das raças negra e amarela, são os versículos 16 a 24, capítulo 11, da carta do Apóstolo Paulo aos romanos.
[...] E, se forem santas as primícias da massa, igualmente o será a sua totalidade e se for santa a raiz, também os ramos o serão. Se, porém, alguns dos ramos  foram quebrados, e tu, sendo oliveira brava, foste enxertado em meio deles, e te tornaste participante da raiz e da seiva da oliveira, não te glories contra os ramos; porém se te gloriares, sabe que não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: alguns ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado. Bem! Pela sua incredulidade foram quebrados; tu, porém, mediante a fé estás firme. Não te ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais, também não te poupará. Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus: para os que caíram, severidade; mas para contigo, a bondade de Deus, se nela permaneceres; doutra sorte também tu serás cortado. Eles também, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados; pois Deus é poderoso para os enxertar de novo.  Pois se foste cortado da que, por natureza, era oliveira brava, e contra a natureza enxertado em boa oliveira, quanto mais não serão enxertados na sua própria oliveira aquele que são ramos naturais!

Justificamos com estes relatos que Jesus só encarnou em nosso orbe para cumprir a promessa feita àquela saga dos Capelinos, quando os recebeu para cumprirem uma nova experiência meio aos espíritos primitivos da terra recém-criada.  “[...] Abençoou-lhes as lágrimas santificadoras, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a sua colaboração cotidiana e a sua vinda no porvir.” (Emmanuel,1998:35).

Com relação à segunda pergunta relativa à encarnação de Jesus no reino de Israel, Emmanuel (1998:70) fala-nos do “[...] porque da sua preferência pela árvore de Davi, para levar a efeito as suas divinas lições à humanidade;” e afirma “que a própria lógica nos faz reconhecer que, de todos os povos de então, sendo Israel o mais crente, era também o mais necessitado, dada a sua vaidade exclusivista e pretensiosa. “Muito se pedirá de quem muito haja recebido”, e os israelitas haviam conquistado muito, do alto, em matéria de fé, sendo justo que se lhes exigisse um grau correspondente de compreensão, em matéria de humildade e de amor”. Ele lembra-nos, ainda, (Emmanuel, 1998:65), “que dos espíritos degredados para a Terra, foram os hebreus que constituíram a raça mais forte, mantendo–se inalterados os seus caracteres através de todas as mutações.” E “.Todas as raças da Terra devem aos Judeus esse benefício sagrado, que consiste na revelação do Deus único, Pai de todas as criaturas e providência de todos os seres.” (Emmanuel, 1998:68-69).



sábado, 2 de abril de 2016

APONTAMENTOS SOBRE A DESENCARNAÇÃO
Abel Silva

 "Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte." I cor. 15:26

A desencarnação, a muito, vem sendo objeto de grande preocupação. Cada indivíduo procura, a seu modo, compreender esse processo, que é natural, mas ao mesmo tempo é causa de grande perturbação. Perguntas surgem a todo tempo e de várias formas. Como é? O que acontece? É processo doloroso?
Também preocupado com esse assunto, propus estudar o tema à luz de nossa Doutrina. Esse estudo, para efeito didático, é composto de três partes. Na primeira parte, procuro informações sobre o preparo para a desencarnação; na segunda, é o momento do desencarne, como ele acontece e na terceira parte busco relatos  das primeiras horas de desencarne, antes da grande travessia. Todas as informações aqui expostas são compilações de livros de credibilidade incontestável. O primeiro que citamos, como não podia deixar de ser, é “O livro dos Espíritos”, primeiro da codificação. Nesse livro, Kardec  dedicou todo o capítulo III a esse tema. Como o foco desse estudo é o momento do desencarne, por morte natural, abordaremos somente as perguntas concernentes ao objeto desse estudo. Vejamos como ele trata o assunto.
Na pergunta 154, Kardec pergunta aos espíritos se é dolorosa a separação da alma e do corpo e eles, os espíritos, respondem que não e afirmam que o corpo sofre mais durante a vida do que no momento da morte. Relatam, ainda, que em morte natural, que sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, o homem deixa a vida sem perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo. Já na pergunta 155, que diz respeito à separação e do corpo físico, a espiritualidade diz que a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitui e a liberdade. Com relação à questão 156, Kardec aborda à espiritualidade se a separação definitiva da alma e do corpo pode ocorrer antes da cessação completa da vida orgânica, a que os espíritos respondem que na “agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais havendo do que vida orgânica”. A pergunta 157 questiona se no momento da morte, a alma sente, alguma vez, qualquer aspiração ou êxtase que lhe faça entrever o mundo onde vai de novo entrar. Em resposta, os espíritos informam que quando desprendida da matéria, a alma vê o futuro desdobrar-se diante de si e goza, por antecipação, do estado de espírito. A questão 159 trata da sensação que experimenta a alma no momento em que reconhece estar no mundo dos espíritos. Para esse assunto, somos informados que depende muito de cada espírito. Se este praticou o mal, impelido do desejo de praticá-lo, no primeiro momento se sentirá envergonhado de o haver praticado. Com o justo, as coisas se passam de modo bem diferente. Ela se sente como que aliviada de grande peso, pois que não teme nenhum olhar perscrutador.
Após essa breve explicação, tomemos o subtema “Metamorfose do inseto”, pertencente ao capítulo XI – “Existência da alma”, do livro “Evolução em dois mundos”, do espírito  André Luiz, psicografia de  Chico Xavier e Waldo Vieira. Nesse subtema, André Luiz disserta sobre o processo de transformação do inseto. Atentemos para essas informações.
 “[...] a larva dos insetos de transformação completa experimenta vários períodos de renovação para atingir a condição de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porquanto apenas depois da derradeira mudança de pele é que se torna pupa. Em semelhante estágio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que não mais suporte a alimentação. Esvaziam­se­lhe os intestinos e paralisam­se­Ihe os movimentos. A larva protege­se, então, no solo ou  na planta, preparando a própria liberação. Permanece, assim, imóvel, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico, encrisalidando­se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria constituídos com a secreção das glândulas salivares, agregados a pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o casulo em que repousa, durante certo tempo, fixado em alguns dias e até meses. Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua própria organização psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação que, no fundo, equivale a verdadeiro  aniquilamento ou  histólise, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno da histogênese, valendo­se dos tecidos que perduraram. A histólise1, que se efetua por ação dos fermentos, verifica­se notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi2, com reduzida atuação no sistema nervoso e circulatório. Pela histogênese3, os remanescentes dos músculos estriados desfazem­se das características que lhes são próprias, perdendo, gradativamente, a sua estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo involutivo, em células embrionárias fusiformes, com um núcleo exclusivo, ou mioblastos4, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos estriados para a configuração dos órgãos típicos. Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando­se por falena5 leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam,  convertendo­se numa trompa, enquanto que o lábio superior e as mandíbulas se atrofiam. Entretanto, embora magnificentemente modificada, a borboleta alada e multicor é o mesmo indivíduo, somando em si as experiências dos três aspectos fundamentais de sua existência de larva6­ninfa7­inseto adulto.” 

1 – Histólise: Destruição ou dissolução dos tecidos orgânicos.
2 – Tubos de Malpighi: Órgão de excreção do inseto, o qual consiste em longos e tortuosos condutos que desembocam no tubo digestivo, no limite entre o intestino médio e o posterior.
3 – histogênese: Formação e desenvolvimento dos tecidos orgânicos.
4 – Mioblasto: Célula do folheto germinativo médio do embrião, que se converte em fibra muscular.
5 – falena: Nome comum a um grupo de borboletas noturnas.
6 – Larva: O primeiro estágio por que passam certas espécies animais antes de atingirem a fase adulta; lagarta, nos insetos.
7 Ninfa:Forma intermediária entre a larva e o inseto adulto.

Agora veja como André Luiz, no mesmo capítulo XI , subcapítulo “Histogênese Espiritual”, compara a metamorfose do inseto com a desencarnação da criatura humana.

“[...] Assim também, a criatura humana, depois do período infantil, atravessa expressivas etapas de renovação interior, até alcançar a madureza corpórea, não obstante apresentar­se com a mesma forma exterior, porquanto somente após o esgotamento da força vital no curso da vida, através da senectude ou da caquexia por intervenção da enfermidade, é que se habilita à transformação mais profunda. Nesse período característico da caducidade celular ou da moléstia irreversível, demonstra gradativa diminuição de atividade, não mais tolerando a alimentação. Pouco  a pouco, declinam as suas atividades fisiológicas e a inércia substitui­lhe os movimentos. Protege­se, desde então, no repouso horizontal em decúbito, quase sempre no leito, preparando o trabalho liberatório. Chega, assim, o momento em que se imobiliza na cadaverização, mumificando­se à feição da crisálida, mas envolvendo­se no imo do ser com os fios dos próprios pensamentos, conservando­se nesse casulo de forças mentais, tecido com as suas próprias ideias reflexas dominantes ou secreções de sua própria mente, durante um período que pode variar entre minutos, horas, dias, meses ou decênios. No ciclo de cadaverização da forma somática, sob o governo dinâmico de seu  corpo espiritual, padece extremas alterações que, na essência, correspondem à histólise das células físicas, ao mesmo tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno que podemos nomear, por  falta de termo equivalente, como sendo histogênese espiritual, aproveitando  os elementos vivos, desagregados do tecido citoplasmático, e que se mantinham, até então, ligados à colmeia fisiológica entregue ao desequilíbrio ou à decomposição. A histólise ou  processo destrutivo na desencarnação resulta da ação dos catalisadores químicos e de outros recursos do mundo orgânico que, alentados em níveis de degenerescência, operam a mortificação dos tecidos e, do ponto de vista do corpo espiritual, afetam principalmente a morfologia dos músculos e os aparelhos da nutrição, com escassa influência sobre os sistemas nervoso e circulatório. Pela histogênese espiritual, os tecidos citoplasmáticos se desvencilham em definitivo de alguns dos característicos que lhes são próprios, voltando temporariamente, qual se atendessem a processo involutivo, à condição de células embrionárias multiformes que se dividem, através da cariocinese, plasmando, em novas condições, a forma do corpo espiritual, segundo o tipo imposto pela mente.” 
Após esses relatos científicos de André Luiz, vejamos como isso funciona na prática, se assim podemos dizer. Para isso, buscamos informações preciosas em dois livros que relatam o momento da desencarnação. Um é “Voltei”, pelo espírito Irmão Jacob e o outro é “Obreiros da vida eterna”, pelo espírito André Luiz, todos psicografados por Chico Xavier.  No caso do livro Voltei, O Irmão Jacob conta sua própria desencarnação, enquanto que em “Obreiros da vida eterna”, André Luiz retrata o momento do desencarne de Dimas.
Comecemos pelo capítulo “No grande desprendimento”, do livro Voltei, em que Irmão Jacob faz o seguinte relato.
[...] Nas últimas trinta horas, reconheci-me em posição mais estranha. Tive a ideia de que dois corações me batiam no peito. Um deles, o de carne em ritmo descompassado, quase a parar, como relógio sob indefinível perturbação, e o outro pulsava, mais equilibrado, mas profundo...
A visão comum alterava-se. Em determinados instantes, a luz invadia-me em clarões subitâneos, mas, por minutos de prolongada duração, cercava-me densa neblina.
 O conforto da câmara de oxigênio não me subtraía as sensações de estranheza.
 Observei que frio intenso veio ferir-me as extremidades. Não seria a integral extinção da vida corpórea?
Procurei acalmar-me, orar intimamente e esperar. Após sincera rogativa a Jesus para que me não desamparasse, comecei a divisar à esquerda a formação de um depósito de substância prateada, semelhante a gaze tenuíssima...
Não poderia dizer se era dia ou se era noite em torno de mim, tal o nevoeiro em que me sentia mergulhado, quando notei que duas mãos caridosas me submetiam a passes de grande corrente. À medida que se desdobravam, de alto a baixo, detendo-se com particularidade no tórax, diminuíam-se-me as impressões de angústia. Lembrei, com força, o Irmão Andrade, atribuindo-lhe o benefício, e implorei-lhe mentalmente se fizesse ouvir, ajudando-me.
Qual se estivesse sofrendo melindrosa intervenção cirúrgica, sob máscara pesada; ouvi alguém me confortar: “Não se mexa! Silêncio! Silêncio!...”.
Conclui que o término da resistência orgânica era questão de minutos.  Não se estendeu o alívio, por muito tempo.
 Passei a registrar sensações de esmagamento no peito.
 As mãos do passista espiritual concentravam-se-me agora no cérebro.
Demoraram-se, quase duas horas, sob os contornos da cabeça. Suave sensação de bem-estar voltou a dominar-me, quando experimentei abalo indescritível na parte posterior do crânio. Não era uma pancada. Semelhava-se a um choque elétrico, de vastas proporções, no íntimo da substância cerebral. Aquelas mãos amorosas, por certo, haviam desfeito algum laço forte que me retinha ao corpo de carne...
 Senti-me, no mesmo instante, subjugado por energias devastadoras.
 A que comparar o fenômeno?
 A imagem mais aproximada é a de uma represa, cujas comportas fossem arrancadas repentinamente.
Vi-me diante de tudo o que eu havia sonhado, arquitetado e realizado na vida.
Insignificantes ideias que emitira, tanto quanto meus atos mínimos, desfilavam, absolutamente precisos, ante meus olhos fixos, como se me fossem revelados de roldão, por estranho poder, numa câmara ultra rápida instalada centro de mim.
Transformara-se-me o pensamento num filme cinematográfico misterioso e inopinadamente desenrolado, a desdobrar-se, com espantosa elasticidade, para seu criador assombrado, que era eu mesmo [...]

Paremos um pouco aqui, e juntos, vejamos o que André Luiz fala sobre esse momento em que os atos de nossas vidas passam ante nossos olhos como esse filme que Ir. Jacob descreve. O item é “Revisão das experiências”, constante do capítulo XII – intitulado “Alma e desencarnação” do mesmo livro “Evolução em dois mundos.”

De liberação  a liberação, na ocorrência da morte, a criatura começa a familiarizar­se com a esfera extrafísica. Assim como recapitula, nos primeiros dias da existência intra­uterina, no processo reencarnatório, todos os lances de sua evolução filogenética1, a consciência examina em retrospecto de minutos ou  de longas horas, ao integrar­se definitivamente em seu corpo sutil, pela histogênese espiritual, durante o coma ou a cadaverização do veículo físico, todos os acontecimentos da própria vida, nos prodígios de memória, a que se referem os desencarnados quando descrevem para os homens a grande passagem para o sepulcro. É que a mente, no limiar da recomposição de seu próprio veículo, seja no renascimento biológico ou  na desencarnação, revisa automaticamente e de modo rápido todas as experiências por ela própria vividas, imprimindo magneticamente às células, que se desdobrarão em unidades físicas e psicossomáticas2, no corpo físico e no corpo espiritual, as diretrizes a que estarão sujeitas, dentro do novo ciclo de evolução em que ingressam. Acresce lembrar, ainda, como nota confirmativa de nossas asserções, que, esporadicamente, encarnados saídos ilesos de grandes perigos como  acidentes e suicídios frustrados, relatam semelhante fenômeno de revisão das próprias experiências, também chamado visão panorâmica e síntese mental. 
1 – Filogenético: referente à filogênese, que é o estudo das relações de descendência bilógica dos organismos, e da evolução de uma espécie ou grupo biológico, a partir de formas primitivas de origem.
2 – Psicossomático: relativo ao psicossoma, isto é, ao corpo espiritual ou perispírito.

Voltemos à narrativa de Irmão Jacob.
 [...] Assombrado, vi-me em duplicata.
Eu, que tanta vez exortara os desencarnados a contemplarem os despojos de que já se haviam desvencilhado, fixei meu corpo a enrijecer-se, num misto de espanto e amargura [...] Encontrava-me prostrado, vencido. Não me assistia qualquer razão de revolta; contudo, se possível, desejaria afastar-me. A contemplação do corpo imóvel, não obstante aguçar-me o propósito de observar e aprender, era-me aflitiva. O cadáver perturbava-me com as sugestões da morte, impunha reflexão desagradável e amarga. À distância dele, provavelmente a ideia de vida e eternidade prevaleceria, dentro de mim. [...] Alongando o raio de meu olhar, verifiquei a existência de prateado fio, ligando-me o novo organismo à cabeça imobilizada. Torturante emoção apossou-se de mim. Eu seria o cadáver ou o cadáver seria eu? Por intermédio de que boca pretendia falar? Da que se fechara no corpo ou da que me serviria agora? Através de que ouvidos assinalava as palavras de Marta? Intentando ver pelos olhos mortos, senti-me atirado novamente a espesso nevoeiro. Assustado, soergui-me mentalmente. Aquele grilhão tênue a unir-me com os despojos era bem um fio de forças vivas, jungindo-me à matéria densa, semelhando-se ao cordão umbilical que liga o nascituro ao seio feminino. [...] Mais alguns instantes escoaram difíceis, quando inopinado abalo me revolveu o ser. Supus haver sido projetado a enorme distância... Confesso que o choque me assaltou com tão grande violência que julguei chegado o momento de “outra morte”. Dentro em pouco, no entanto, o coração se refez, equilibrou-se a respiração e Bezerra surgiu, sorridente, a indagar se o desligamento ocorrera normal. Explicou-me o respeitável benfeitor que, até ali, meu corpo espiritual fora como que um “balão cativo”, mas doravante disporia de real liberdade interior. Pensaria com clareza, movimentar-me-ia sem obstáculos e deteria faculdades mais precisas.





Finalizando as experiências relatadas pelo Irmão Jacob, passemos, agora, aos relatos que André Luiz faz durante o desencarde de Dimas.

– Noutro tempo, André, os antigos acreditavam que entidades mitológicas cortavam os fios da vida humana. Nós somos Parcas autênticas, efetuando semelhante operação...
– Segundo você sabe, há três regiões orgânicas fundamentais que demandam extremo cuidado nos serviços de liberação da alma: o centro vegetativo, ligado ao ventre, como sede das manifestações fisiológicas; o centro emocional, zona dos sentimentos e desejos, sediado no tórax, e o centro mental, mais importante por excelência, situado no cérebro.
[...] Aconselhando-me cautela na ministração de energias magnéticas à mente do moribundo, começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa porção de substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento.
Dimas gemeu, em voz alta, semi-inconsciente.
[...]  Mas, antes que os familiares entrassem em cena, Jerônimo, com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente. Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigástrio à garganta, mas reparei que todos os músculos trabalhavam fortemente contra a partida da alma, opondo-se à libertação das forças motrizes, em esforço desesperado, ocasionando angustiosa aflição ao paciente. O campo físico oferecia-nos resistência, insistindo pela retenção do senhor espiritual.
[...] O Assistente estabeleceu reduzido tempo de descanso, mas volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa. Concentrando todo o seu potencial de energia na fossa romboidal, Jerônimo quebrou alguma coisa que não pude perceber com minúcias e brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantaneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada. Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor. Em breves instantes, porém, notei que as forças em exame eram dotadas de movimento plasticizante. A chama mencionada transformou-se em maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo-se, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro,  traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até desaparecer de todo, como se representasse o conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentaneamente recolhidos a um único ponto, espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão dos diferentes átomos, das novas dimensões vibratórias.
[...] Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.
Para os nossos amigos encarnados, Dimas morrera, inteiramente. Para nós outros, porém, a operação era ainda incompleta. O Assistente deliberou que o cordão fluídico deveria permanecer até ao dia imediato, considerando as necessidades do “morto”, ainda imperfeitamente preparado para desenlace mais rápido.
Por enquanto, repousará ele na contemplação do passado, que se lhe descortina em visão panorâmica no campo interior. Além disso, acusa debilidade extrema após o laborioso esforço do momento. Por essa razão, somente poderá partir, em nossa companhia, findo o enterramento dos envoltórios pesados, aos quais se une ainda pelos últimos resíduos.

Essas são as informações que pude compilar sobre o assunto. Claro que outras há, e se aqui não estão, foi exclusivamente por ignorância de minha parte. Espero, que a partir desse estudo, essas lacunas sejam preenchidas por todos.

Referência Bibliográfica

KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos – Tradução Guillon Ribeiro. 93ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 2013. (1ª ed.1857, Paris-França; 1944, Brasil).

XAVIER, Francisco Cândido./LUIZ, André. Obreiros da vida eterna. 22ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1996. (1ª ed. 1946).

XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA Waldo./LUIZ, André. Evolução em dois mundos. 13ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1993. (1ª ed. 1958).

XAVIER, Francisco Cândido./JACOB, Irmão. Voltei. 28ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 2013. (1ª ed.1949).